terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Pequena Vendedora de Fósforos



"Que frio tão atroz! Caía a neve, e a noite vinha por cima. Era dia de Natal. No meio do frio e da escuridão, uma pobre menina passou pela rua com a cabeça e os pés descobertos.
É verdade que tinha sapatos quando saíra de casa; mas não lhe serviram por muito tempo. Eram uns tênis enormes que sua mãe já havia usado: tão grandes, que a menina os perdeu quando atravessou a rua correndo, para que as carruagens que iam em direções opostas não lhe atropelassem.
A menina caminhava, pois, com os pezinhos descalços, que estavam vermelhos e azuis de frio. Levava no avental algumas dúzias de caixas de fósforos e tinha na mão uma delas como amostra. Era um péssimo dia: nenhum comprador havia aparecido, e, por conseqüência, a menina não havia ganho nem um centavo. Tinha muita fome, muito frio e um aspecto miserável. Pobre menina! Os flocos de neve caíam sobre seus longos cabelos loiros, que se esparramavam em lindos caracóis sobre o pescoço; porém, não pensava nos seus cabelos. Via a agitação das luzes através das janelas; sentia o cheiro dos assados por todas as partes. Era dia de Natal, e nesta festa pensava a infeliz menina.
Sentou-se em uma pracinha, e se acomodou em um cantinho entre duas casas. O frio se apoderava dela, e inchava seus membros; mas não se atrevia a aparecer em sua casa; voltava com todos os fósforos e sem nenhuma moeda. Sua madrasta a maltrataria, e, além disso, na sua casa também fazia muito frio. Viviam debaixo do telhado, a casa não tinha teto, e o vento ali soprava com fúria, mesmo que as aberturas maiores haviam sido cobertas com palha e trapos velhos. Suas mãozinhas estavam quase duras de frio. Ah! Quanto prazer lhe causaria esquentar-se com um fósforo! Se ela se atrevesse a tirar só um da caixa, riscaria na parede e aqueceria os dedos! Tirou um! Rich! Como iluminava e como esquentava! Tinha uma chama clara e quente, como de uma velinha, quando a rodeou com sua mão. Que luz tão bonita! A menina acreditava que estava sentada em uma chaminé de ferro, enfeitada com bolas e coberta com uma capa de latão reluzente. Luzia o fogo ali de uma forma tão linda! Esquentava tão bem!
Mas tudo acaba no mundo. A menina estendeu seus pezinhos para esquentá-los também, mas a chama se apagou: não havia nada mais em sua mão além de um pedacinho de fósforo. Riscou outro, que acendeu e brilhou como o primeiro; e ali onde a luz caiu sobre a parede, fez-se tão transparente como uma gaze. A menina imaginou ver um salão, onde a mesa estava coberta por uma toalha branca resplandecente com finas porcelanas, e sobre a qual um peru assado e recheado de trufas exalava um cheiro delicioso. Oh, surpresa! Oh, felicidade! Logo teve a ilusão de que a ave saltava de seu prato para o chão, com o garfo e a faca cravados no peito, e rodava até chegar a seus pezinhos. Mas o segundo fósforo apagou-se, e ela não viu diante de si nada mais que a parede impenetrável e fria.
Acendeu um novo fósforo. Acreditou, então, que estava sentada perto de um magnífico nascimento: era mais bonito e maior que todos os que havia visto aqueles dias nas vitrines dos mais ricos comércios. Mil luzes ardiam nas arvorezinhas; os pastores e pastoras pareciam começar a sorrir para a menina. Esta, embelezada, levantou então as duas mãos, e o fósforo se apagou. Todas as luzes do nascimento se foram, e ela compreendeu, então, que não eram nada além de estrelas. Uma delas passou traçando uma linha de fogo no céu.
Isto quer dizer que alguém morreu — pensou a menina; porque sua vovozinha, que era a única que havia sido boa com ela, mas que já não estava viva, havia lhe dito muitas vezes: "Quando cai uma estrela, é que uma alma sobe para o trono de Deus".
A menina ainda riscou outro fósforo na parede, e imaginou ver uma grande luz, no meio da qual estava sua avó em pé, e com um aspecto sublime e radiante.
— Vovozinha! — gritou a menina. — Leve-me com você! Quando o fósforo se apagar, eu sei bem que não lhe verei mais! Você desaparecerá como a chaminé de ferro, como o peru assado e como o formoso nascimento!
Depois se atreveu a riscar o resto da caixa, porque queria conservar a ilusão de que via sua avó, e os fósforos lhe abriram uma claridade vivíssima. Nunca a avó lhe havia parecido tão grande nem tão bonita. Pegou a menina nos braços, e as duas subiram no meio da luz até um lugar tão alto, que ali não fazia frio, nem se sentia fome, nem tristeza: até o trono de Deus.
Quando raiou o dia seguinte, a menina continuava sentada entre as duas casas, com as bochechas vermelhas e um sorriso nos lábios. Morta, morta de frio na noite de Natal! O sol iluminou aquele terno ser, sentado ali com as caixas de fósforos, das quais uma havia sido riscada por completo.
— Queria esquentar-se, a pobrezinha! — disse alguém.
Mas ninguém podia saber as coisas lindas que havia visto, nem em meio de que esplendor havia entrado com sua idosa avó no reino dos céus."
Hans Christian Andersen

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vocabulário para os netos




Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.
Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta
Amor ao próximo: É quando o estranho
passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.
Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.
Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo
Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.
Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos.
Doutrinação: É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra
Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente
e a gente estando com pressa não reclama.
Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração.
Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar
Quem ficou para trás
: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.
Filhos: É quando Deus entrega uma jóia em nossa mão e recomenda cuidá-la
Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.
Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.
Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.
Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.
Lealdade: É quando a gente prefere morrer que
trair a quem ama.
Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração
e se esquece de retirar.
Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo
que deveríamos ser
Mediunidade com Jesus: É quando a gente serve de instrumento em uma comunicação mediúnica e a música tocada parece um noturno de Chopin.
Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade.
Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.
Obsessor: É quando o Espírito adoece,manda embora a compaixão e convida a vingança para morar com ele.
Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.
Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.
Paz: É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever.
Perdão: É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamais a teria.
Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.
Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.
Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece.
Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.
Reencarnação: É quando a gente volta para o corpo, esquecido do que fez, para se lembrar do que ainda não fez.
Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo.
Sexo: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.
Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio.
Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.
Solidão: É quando estamos cercado por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.
Supérfluo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro.
Ternura:
É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.
Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.
LUIZ GONZAGA PINHEIRO


sábado, 12 de dezembro de 2009

A garotinha


O homem por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída.
Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto.

Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.
- É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?, diz ela.
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
- Quanto de dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo
os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
- Isso dá?
Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa
mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza
que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Tome!, disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua abaixo.

Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e
maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim senhora.
- E quanto custou?
- Ah!, falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da minha loja é
sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou:

"Mas minha irmã tinha somente algumas moedas! O colar é verdadeiro, não é?
Ela não teria dinheiro para pagá-lo!"
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar.

ELA DEU TUDO O QUE TINHA.
O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face
emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.

"Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições.

Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura. Seja sempre
grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém. Gratidão com amor não
apenas aquece quem recebe, como reconforta quem oferece."


sábado, 14 de novembro de 2009

Visita de Jesus


Era uma noite iluminada... Um anjo apareceu a uma família muito rica e falou para a dona da casa:

Estou te trazendo uma boa notícia: Esta noite o Senhor Jesus virá visitar a tua casa!

Aquela senhora ficou entusiasmada. Jamais acreditara ser possível que esse milagre acontecesse em sua casa.

Tratou de preparar uma excelente ceia para receber a Jesus. Encomendou frangos, assados, conservas, saladas e vinhos importados.

De repente, tocou a campainha. Era uma mulher com roupas miseráveis, com aspecto de quem já sofrera muito...

Senhora - disse a pobre mulher - será que não teria algum serviço para mim? Tenho fome e tenho necessidade de trabalhar.

Ora bolas -retrucou a dona da casa. Isso são horas de vir me incomodar?
Volte outro dia. Agora estou muito atarefada com uma ceia para uma visita muito importante.

A pobre mulher se foi...

Pouco mais tarde, um homem, sujo de graxa, veio bater-lhe à porta.

Senhora, falou ele, o meu caminhão quebrou bem aqui na esquina. Não teria a senhora, pôr acaso, um telefone para que eu pudesse me comunicar com um mecânico?

A senhora, como estava ocupadíssima em limpar as pratas, lavar os cristais e os pratos de porcelana, ficou muito irritada:

Você pensa que minha casa é o que? Vá procurar um telefone público...Onde já se viu incomodar as pessoas dessa maneira? Pôr favor, cuide para não sujar a entrada da minha casa com esses pés imundos!

E a anfitriã continuou a preparar a ceia: Abriu latas de caviar, colocou a champanhe na geladeira, escolheu na adega os melhores vinhos e preparou os coquetéis. Nesse meio tempo, alguém lá fora bate palmas.

Será que agora está chegando Jesus?- pensou ela emocionada.
E com o coração batendo acelerado, foi abrir a porta. Mas se decepcionou.
Era um menino de rua, todo sujo e mal vestido...

Senhora, estou com fome. Dê-me um pouco de comida!

Como é que eu vou te dar comida, se nós ainda não ceamos? Volta amanhã, porque esta noite estou muito atarefada... não posso te dar atenção...

Finalmente a ceia ficou pronta. Toda a família esperava, emocionada, o ilustre visitante. Entretanto, as horas iam passando e Jesus não aparecia.

Cansados de tanto esperar, começaram a tomar aqueles coquetéis especiais que, pouco a pouco, já começaram a fazer efeito naqueles estômagos vazios, até que o sono fez com que se esquecessem dos frangos, assados e de todos os
pratos saborosos.

Na manhã seguinte, ao acordar, a senhora se viu, com grande espanto, na presença do anjo.

Será que um anjo é capaz de mentir? gritou ela. Eu preparei tudo esmeradamente, aguardei a noite inteira e Jesus não apareceu. Porque você fez isso comigo? Porque essa brincadeira?

Não fui eu que menti... Foi você que não teve olhos pra enxergar, explicou o anjo.

Jesus esteve aqui em sua casa pôr três vezes: Na pessoa da mulher pobre, na pessoa do caminhoneiro e na pessoa do menino faminto, mas a senhora não foi capaz de reconhecê-lo e acolhê-lo em sua casa...

Uma ocasião especial



Um amigo meu abriu a gaveta da cômoda de sua esposa e pegou um pequeno pacote embrulhado com papel de seda: "Isto - disse - não é um simples pacote".
Tirou o papel que o envolvia e observou a bonita seda e a caixa.
"Ela comprou isto na primeira vez que fomos a Nova York, há uns 8 ou 9 anos.
Nunca o usou. Estava guardando-o para uma ocasião especial. Bem, creio que esta é a ocasião".
Aproximou-se da cama e colocou a prenda junto com as outras roupas que ia levar para a funerária.
Sua esposa tinha acabado de morrer.
Virando-se para mim, disse: "Não guarde nada para uma ocasião especial.
Cada dia que se vive é uma ocasião especial".
Ainda estou pensando nestas palavras... E já mudaram minha vida.
Agora estou lendo mais e limpando menos.
Sento-me no terraço e admiro a vista sem me preocupar com as pragas, fico mais tempo com minha família e menos tempo no trabalho.
Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar, não para sobreviver.
Já não guardo nada. Uso meus copos de cristal todos os dias.
Coloco uma roupa nova para ir ao supermercado, se me der vontade.
Já não guardo meu melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o quando tenho vontade.
As frases "algum dia..." e "qualquer dia..." estão desaparecendo de meu vocabulário.
Se vale a pena ver, escutar ou fazer, quero ver, escutar ou fazer agora.
Não estou certo do que teria feito a esposa de meu amigo se soubesse que não estaria aqui para a próxima manhã que todos nós ignoramos.
Creio que teria chamado seus familiares e amigos mais próximos.
Talvez chamasse alguns amigos antigos para desculpar-se e fazer as pazes por possíveis desgostos do passado.
Gosto de pensar que teria ido comer comida chinesa, sua favorita.
São estas pequenas coisas deixadas por fazer que me fariam desgostoso se eu soubesse que minhas horas estão limitadas.
Desgostoso, porque deixaria de ver amigos com quem iria me encontrar.
Cartas... cartas que pensava escrever "qualquer dia destes".
Desgostoso e triste, por que não disse a meus irmãos e meus filhos, com suficiente freqüência, que os amo.
Agora, trato de não atrasar, adiar ou guardar nada que traria risos e alegria para nossas vidas.
E, a cada manhã, digo a mim mesmo que este será um dia especial.
Cada dia, cada hora, cada minuto é especial.

O retorno


Ele quase não viu a senhora, com o carro parado no acostamento. Mas percebeu que ela precisava de ajuda. Assim parou seu carro e se aproximou. O carro dela cheirava a tinta, de tão novinho. Mesmo com o sorriso que ele estampava na face, ela ficou preocupada. Ninguém tinha parado para ajudar durante a ultima hora. Ele iria aprontar alguma? Ele não parecia seguro, parecia pobre e faminto.

Ele pode ver que ela estava com muito medo e disse:
- Eu estou aqui para ajudar madame. Por que não espera no carro onde esta quentinho? A propósito, meu nome é Bryan.

Bem, tudo que ela tinha era um pneu furado, mas para uma senhora era ruim o bastante. Bryan abaixou-se, colocou o macaco e levantou o carro. Logo ele já estava trocando o pneu. Mas ele ficou um tanto sujo e ainda feriu uma das mãos.

Enquanto ele apertava as porcas da roda ela abriu a janela e começou a conversar com ele. Contou que era de St.Louis e só estava de passagem por ali e que não sabia como agradecer pela preciosa ajuda. Bryan apenas sorriu enquanto se levantava. Ela perguntou quanto devia. Qualquer quantia teria sido muito pouco para ela. Já tinha imaginado todos as terríveis coisas que poderiam ter acontecido se Bryan não tivesse parado.

Bryan não pensava em dinheiro. Aquilo não era um trabalho para ele. Gostava de ajudar quando alguém tinha necessidade e Deus já lhe ajudara bastante. Este era seu modo de viver e nunca lhe ocorreu agir de outro modo. Ele respondeu:
- Se realmente quiser me reembolsar, da próxima vez que encontrar alguém que precise de ajuda, dê para aquela pessoa a ajuda que precisar.

E acrescentou:
-... e pense em mim.
Ele esperou ate que ela saísse com o carro e também se foi. Tinha sido um dia frio e deprimido, mas ele se sentia bem, indo pra casa, desaparecendo no crepúsculo. Algumas milhas abaixo a senhora encontrou um pequeno restaurante.

Ela entrou para comer alguma coisa. Era um restaurante sujo. A cena inteira era estranha para ela. A garçonete veio ate ela e trouxe-lhe uma toalha limpa para que pudesse esfregar e secar o cabelo molhado e lhe dirigiu um
doce sorriso, um sorriso que mesmo os pés doendo por um dia inteiro de trabalho não pode apagar.

A senhora notou que a garçonete estava com quase oito meses de gravidez, mas ela não deixou a tensão e as dores mudarem sua atitude. A senhora ficou curiosa em saber como alguém que tinha tão pouco, podia tratar tão bem a um estranho.
Então se lembrou de Bryan. Depois que terminou a refeição, enquanto a garçonete buscava troco para a nota de cem dólares, a senhora se retirou.

Já tinha partido quando a garçonete voltou. A garçonete ainda queria saber onde a senhora poderia ter ido quando notou algo escrito no guardanapo, sob o qual tinha mais 4 notas de $100 dólares. Havia lagrimas em seus olhos quando leu o que a senhora escreveu. Dizia: "Você não me deve nada, eu já tenho o bastante. Alguém me ajudou uma vez e da mesma forma estou lhe ajudando. Se você realmente quiser me reembolsar não deixe este circulo de amor terminar com você".

Bem, haviam mesas para limpar, açucareiros para encher, e pessoas para servir.
Aquela noite, quando foi para casa e deitou-se na cama, ficou pensando no dinheiro e no que a senhora deixou escrito.
Como pode aquela senhora saber o quanto eu e meu marido precisamos disto?
Com o bebê para o próximo mês, como estava difícil!
Ela virou-se para o preocupado marido que dormia ao lado, deu-lhe um beijo
macio e sussurrou:
- Tudo ficara bem; eu te amo, Bryan.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O telefone



Quando eu era criança, meu pai comprou um dos primeiros telefones da vizinhança.
Lembro-me bem daquele velho aparelho preto, em forma de caixa, bem polido, afixado à parede.
O receptor brilhante pendia ao lado da caixa.
Eu ainda era muito pequeno para alcançar o telefone, mas costumava ouvir e ver minha mãe enquanto ela o usava, e ficava fascinado com a cena!

Então, descobri que em algum lugar dentro daquele maravilhoso aparelho existia uma pessoa maravilhosa - o nome dela era "informação, por favor" e não havia coisa alguma que ela não soubesse.
"Informação, por favor" poderia fornecer o número de qualquer pessoa e até a hora certa.

Minha primeira experiência pessoal com esse "gênio da lâmpada" aconteceu num dia em que minha mãe foi na casa de um vizinho.
Divertindo-me bastante mexendo nas coisas da caixa de ferramentas no porão, machuquei meu polegar com um martelo.

A dor foi horrível, mas não parecia haver qualquer razão para chorar, porque eu estava sozinho em casa e não tinha ninguém para me consolar.
Eu comecei a andar pelo porão, chupando meu dedão que pulsava de dor, chegando finalmente à escada e subindo-a.

Então, lembrei-me: o telefone! Rapidamente peguei uma cadeira na sala de visitas e usei-a para alcançar o telefone. Desenganchei o receptor, segurei-o próximo ao ouvido como via minha mãe fazer e disse:

"Informação, por favor!", com o bocal na altura de minha cabeça.
Alguns segundos depois, uma voz suave e bem clara falou ao meu ouvido:
"Informação."
Então, choramingando, eu disse:
"Eu machuquei o meu dedo..."
Agora que eu tinha platéia: as lágrimas começaram a rolar sobre o meu rosto.

"Sua mãe não está em casa?", veio a pergunta.
"Ninguém está em casa a não ser eu", falei chorando.
"Você está sangrando?" Ela perguntou.
"Não." Eu respondi. "Eu machuquei o meu dedão com o martelo e está
doendo muito!"
Então a voz suave, do outro lado falou:

"Você pode ir até a geladeira?"
Eu disse que sim. Ela continuou, com muita calma:
"Então, pegue uma pedra de gelo e fique segurando firme sobre o dedo."

E a coisa funcionou! Depois do ocorrido, eu chamava "Informação, por favor" para qualquer coisa. Pedia ajuda nas tarefas de geografia da escola e ela me dizia onde Filadélfia se localizava no mapa.
Ajudava-me nas tarefas de matemática. Ela me orientou sobre qual tipo de comida eu poderia dar ao filhote de esquilo que peguei no parque para criar como bichinho de estimação.

Houve também o dia em que Petey, nosso canário de estimação, morreu.
Eu chamei "Informação, por favor" e contei-lhe a triste estória.
Ela ouviu atentamente, então falou-me palavras de conforto que os adultos costumam dizer para consolar uma criança.

Mas eu estava inconsolável naquele dia e perguntei-lhe:

"Por que é que os passarinhos cantam de maneira tão bela, dão tanta alegria com sua beleza para tantas famílias e terminam suas vidas como um monte de penas numa gaiola?"

Ela deve ter sentido minha profunda tristeza e preocupação pelo fato de haver dito calmamente:

"Paul, lembre-se sempre de que existem outros mundos onde se pode cantar!"
Não sei porquê, mas me senti bem melhor.

Numa outra ocasião, eu estava ao telefone: "Informação, por favor".
"Informação," disse a já familiar e suave voz.
"Como se soletra a palavra consertar?" Perguntei.

Tudo isso aconteceu numa pequena cidade da costa oeste dos Estados Unidos.
Quando eu estava com nove anos, nos mudamos para Boston, na costa leste.
Eu senti muitas saudades de minha voz amiga!

"Informação, por favor" pertencia àquela caixa de madeira preta afixada na parede de nossa outra casa; e eu nunca pensei em tentar a mesma experiência com o novo telefone diferente que ficava sobre a mesa, na sala de nossa nova casa.
Mesmo já na adolescência, as lembranças daquelas conversas de infância com aquela suave e atenciosa voz nunca saíram de minha cabeça.

Com certa freqüência, em momentos de dúvidas e perplexidade, eu me lembrava daquele sentimento sereno de segurança que me era transmitido pela voz amiga que gastou tanto tempo com um simples menininho.

Alguns anos mais tarde, quando eu viajava para a costa oeste a fim de iniciar meus estudos universitários, o avião pousou em Seattle, região onde eu morava quando criança, para que eu pegasse um outro e seguisse
viagem.
Eu tinha cerca de meia hora até que o outro avião decolasse.
Passei então uns 15 minutos ao telefone, conversando com minha irmã que na época estava morando lá. Então, sem pensar no que estava exatamente fazendo, eu disquei para a telefonista e disse:

"Informação, por favor".
De um modo milagroso, eu ouvi a suave e clara voz que eu tão bem conhecia!
"Informação."

Eu não havia planejado isso, mas ouvi a mim mesmo dizendo:
"Você poderia me dizer como se soletra a palavra consertar?"

Houve uma longa pausa. Então ouvi a tão suave e atenciosa voz responder:
"Espero que seu dedo já esteja bem sarado agora!"
Eu ri satisfeito e disse:
"Então, ainda é realmente você?
Eu fico pensando se você tem a mínima idéia do quanto você significou para mim durante todo aquele tempo de minha infância!"

Ela disse:
"E eu fico imaginando se você sabe o quanto foram importantes para mim as suas ligações!"
E continuou:
"Eu nunca tive filhos e ficava aguardando ansiosamente por suas ligações."

Então, eu disse para ela que muito freqüentemente eu pensava nela durante todos esses anos e perguntei-lhe se poderia telefonar para ela novamente quando eu fosse visitar minha irmã.

"Por favor, telefone sim! É só chamar por Sally".
Três meses depois voltei a Seattle. Uma voz diferente atendeu:
"Informação".

Eu perguntei por Sally.
"Você é um amigo?" Ela perguntou.
"Sim, um velho amigo". Respondi.
Ela disse:

"Sinto muito em dizer-lhe isto, mas Sally esteve trabalhando só meio período nos últimos anos porque estava adoentada. Ela morreu há um mês."
Antes que eu desligasse ela disse:
"Espere um pouco. Seu nome é Paul?"
"Sim" Respondi.

"Bem, Sally deixou uma mensagem para você. Ela deixou escrita caso você ligasse. Deixe-me ler para você."
A mensagem dizia:

"Diga para ele que eu ainda continuo dizendo que existem outros mundos
onde podemos cantar. Ele vai entender o que eu quero dizer".
Eu agradeci emocionado e muito tristemente desliguei o telefone.

Sim, eu sabia muito bem o que Sally queria dizer!

A janela do hospital





Dois homens, seriamente doentes, ocupavam o mesmo quarto em um hospital. Um deles ficava sentado em sua cama por uma hora todas as tardes para conseguir drenar o líquido de seus pulmões. Sua cama ficava próxima da única janela existente no quarto. O outro homem era obrigado a ficar deitado de bruços em sua cama por todo o tempo. Eles conversavam muito. Falavam sobre suas mulheres e suas famílias, suas casas, seus empregos, seu envolvimento com o serviço militar, onde eles costumavam ir nas férias. E toda tarde quando o homem perto da janela podia sentar-se ele passava todo o tempo descrevendo ao seu companheiro todas as coisas que ele podia ver através da janela.

O homem na outra cama começou a esperar por esse período onde seu mundo era ampliado e animado pelas descrições do companheiro. Ele dizia que da janela dava pra ver um parque com um lago bem legal. Patos e cisnes brincavam na água enquanto as crianças navegavam seus pequenos barcos. Jovens namorados andavam de braços dados no meio das flores e estas possuíam todas as cores do arco-íris. Grandes e velhas árvores cheias de elegância na paisagem, e uma fina linha podia ser vista no céu da cidade.

Quando o homem perto da janela fazia suas descrições, ele o fazia de modo primoroso e delicado, com detalhes e o outro homem fechava seus olhos e imaginava a cena pitoresca. Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu que havia um desfile na rua, embora ele não pudesse escutar a música, ele podia ver e descrever tudo.

Dias e semanas passaram-se. Em uma manhã a enfermeira do dia chegou trazendo água para o banho dos dois homens mas achou um deles morto. O homem que ficava perto da janela morreu pacificamente durante o seu sono a noite. Ela estava entristecida e chamou os atendentes do hospital para levarem o corpo embora.

Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu a enfermeira que mudasse sua cama para perto da janela. A enfermeira ficou feliz em poder fazer esse favor para o homem e depois de verificar que ele estava confortável, o deixou sozinho no quarto.

Vagarosamente, pacientemente, ele se apoiou em seu cotovelo para conseguir olhar pela primeira vez pela janela. Finalmente, ele poderia ver tudo por si mesmo. Ele se esticou ao máximo, lutando contra a dor para poder olhar através da janela e quando conseguiu fazê-lo deparou-se com um muro todo branco. Ele então perguntou a enfermeira o que teria levado seu companheiro a descrever-lhe coisas tão belas, todos os dias se pela janela só dava pra ver um muro branco?

A enfermeira respondeu que aquele homem era cego e não poderia ver nada mesmo que quisesse. Talvez ele só estivesse pensando em distraí-lo e alegrá-lo um pouco mais com suas histórias.

há uma tremenda alegria em fazer outras pessoas felizes, independente de nossa situação atual. Dividir problemas e pesares é ter metade de uma aflição, mas felicidade quando compartilhada é ter o dobro defelicidade. Se você quer se sentir rico, apenas conte todas as coisas que você tem e que o dinheiro não pode comprar. O hoje é um presente e é por isso que é chamado assim.

Convite da Loucura



A Loucura resolveu convidar os amigos para tomar um café em sua casa.

Todos os convidados foram.Após o café, a Loucura propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
- Esconde-esconde? O que é isso?

- perguntou a Curiosidade.
- Esconde-esconde é uma brincadeira.

Eu conto até cem e vocês se escondem.
Ao terminar de contar, eu vou procurar, e o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.

Todos aceitaram, menos o Medo e a Preguiça.
-1,2,3,... - a Loucura começou a contar.

A Pressa escondeu-se primeiro, num lugar qualquer.
A Timidez, tímida como sempre, escondeu-se na copa de uma árvore.
A Alegria correu para o meio do jardim.
Já a Tristeza começou a chorar, pois não encontrava um local apropriado para se esconder.
A Inveja acompanhou o Triunfo e se escondeu perto dele debaixo de uma pedra.

A Loucura continuava a contar e os seus amigos iam se escondendo.
O Desespero ficou desesperado ao ver que a Loucura já estava no noventa e nove.

- CEM! - gritou a Loucura. - Vou começar a procurar...

A primeira a aparecer foi a Curiosidade, já que não agüentava mais querendo saber quem seria o próximo a contar.


Ao olhar para o lado, a Loucura viu a Dúvida em cima de uma cerca sem saber em qual dos lados ficar para melhor se esconder.

E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez...
Quando estavam todos reunidos, a Curiosidade perguntou:

- Onde está o Amor?
Ninguém o tinha visto.
A Loucura começou a procurá-lo.
Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do Amor aparecer.

Procurando por todos os lados, a Loucura viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a procurar entre os galhos, quando de repente ouviu um grito.

Era o Amor, gritando por ter furado o olho com um espinho.
A Loucura não sabia o que fazer.
Pediu desculpas, implorou pelo perdão do Amor e até prometeu segui-lo para sempre.

O Amor aceitou as desculpas.
Hoje, o Amor é cego e a Loucura o acompanha sempre.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Despedida de um Gênio




"Se por um instante Deus se esquecesse que sou uma marionete de pano me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas em definitivo pensaria em tudo o que digo.
Daria valor as coisas, não pelo que valem, mas sim pelo significam.
Dormiria pouco, sonharia mais. Entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria enquanto os demais se detém, despertaria enquanto os demais dormem.
Escutaria enquanto os demais falam, e como desfrutaria de um bom sorvete de chocolate!
Se Deus me favorecesse um pedaço de vida, me vestiria simples, me atiraria de bruços ao sol, deixando descoberto, não só meu corpo, mas também minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo, e esperaria que saísse o sol.
Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua.
Regaria com minhas lágrimas as rosas, para sentir a dor de seus espinhos, e o vermelho beijo de suas pétalas...
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer as pessoas que eu amo, que as amo.
Convenceria a cada mulher ou homem que são meus favoritos e viveria apaixonado de amor.
Aos homens provaria quanto equivocados estão ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar!
A um menino daria asas, mas deixaria que ele sozinho aprendesse a voar.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escalada.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um homem só tem direito a olhar o outro até em baixo, quando há de ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas realmente de muito não haverão de servir, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.
Sempre diz que o que sentes e faz o que pensas.
Se soubesse que hoje fosse a última vez que vou te ver dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para poder ser o guardião de tua alma.
Se soubesse que esta fosse a última vez que te vejo sair pela porta, te daria um abraço, um beijo e te chamaria de novo para dar-te mais.
Se soubesse que esta fosse a última vez que ouviria tua voz, gravaria cada uma de tuas palavras para poder ouví-las uma e outra vez indefinidamente.
Se soubesse que estes são os últimos minutos que te vejo diria "te amo" e não assumiria, tontamente, que já sabes.
Sempre há um amanhã e a vida nos dá outra oportunidade para fazer as coisas bem, mas se me equivoco e hoje é tudo o que nos resta, gostaria de dizer o quanto te amo, que nuca te esquecerei.
O amanhã não está garantido a ninguém, jovem ou velho.
Hoje pode ser a última vez que vejas os que amas.
Por isso, não esperes mais, faz hoje, já que se o amanhã nunca chega, seguramente lamentarás o dia que não tivestes tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e que estiveste muito ocupado para conceder-lhes um último desejo.
Mantém os que amas perto de ti, diz-lhes ao ouvido o muito que necessitas deles, ama-os e trata-os bem, encontra tempo para dizer-lhes "sinto muito", "perdoa-me", "por favor", "obrigado" e todas as palavras de amor que conheces.
Ninguém te recordará por teus pensamentos secretos.
Pede ao Senhor a força e sabedoria para expressá-los.
Demonstra a teus amigos quanto são importantes para ti."


Gabriel Garcia Márquez

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ouvindo Deus...



Você acredita no que ouve?????

Eram aproximadamente 10 horas quando um jovem começou a dirigir-se para casa.Sentado no seu carro, ele começou a pedir:
- " Deus! Se ainda falas com as pessoas, fale comigo.
Eu irei ouvi-lo. Farei tudo para obedece-lo"
Enquanto dirigia pela rua principal da cidade,ele teve um pensamento muito estranho:"Pare e compre um galão de leite".
Ele balançou a cabeça e falou alto:
"Deus? É o Senhor?"
Ele não obteve resposta e continuou dirigindo-se para casa.
Porém, novamente, surgiu o pensamento:"Compre um galão de leite".
O jovem pensou em Samuel e como ele não reconheceu a voz de Deus, e como Samuel correu para Eli. Isso não parece ser um
teste de obediência muito difícil...Ele poderia também usar o leite.
O jovem parou, comprou o leite e reiniciou o caminho de casa.
Quando ele passava pela sétima rua,novamente ele sentiu um pedido:
"Vire naquela rua".
Isso é loucura... - pensou -e, passou direto pelo retorno.
Novamente ele sentiu que deveria ter virado na sétima rua.
No retorno seguinte, ele virou e dirigiu-se pela sétima rua.
Meio brincalhão, ele falou alto :
"Muito bem, Deus. Eu farei".
Ele passou por algumas quadras quando de repente sentiu que devia parar. Ele brecou e olhou em volta. Era uma área mista de comércio e residência.Não era a melhor área, mas também não era a pior da vizinhança. Os estabelecimentos estavam fechados e a maioria
das casas estavam escuras,como se as pessoas já tivessem ido
dormir, exceto uma do outro lado que estava acesa.Novamente, ele sentiu algo:"Vá e dê o leite para as pessoas que estão naquela casa do outro lado da rua".
O jovem olhou a casa. Ele começou a abrir a porta, mas voltou a sentar-se."Senhor, isso é loucura. Como posso ir para uma casa estranha no meio da noite?".Mais uma vez, ele sentiu que deveria
ir e dar o leite.Inicialmente, ele abriu a porta...
"Muito Bem, Deus, se é o Senhor, eu irei e entregarei o leite àquelas pessoas.Se o Senhor quer que eu pareça uma pessoa louca, muito bem. Eu quero ser obediente! Acho que isso vai contar para alguma coisa, contudo, se eles não responderem imediatamente,eu vou embora daqui". Ele atravessou a rua e tocou a campainha.
Ele pôde ouvir um barulho vindo de dentro,parecido com o choro de uma criança.A voz de um homem soou alto:
"Quem está aí? O que você quer?"
A porta abriu-se, em pé, estava um homem vestido de jeans e camiseta.Ele desconhecido em pé na sua soleira.
"O que é? ". O jovem entregou-lhe o galão de leite.
"Comprei isto para vocês".
O homem pegou o leite e correu para dentro falando alto.
A mulher pegou o leite e foi para a cozinha.
O homem a seguia segurando nos braços uma criança que chorava.
Lágrimas corriam pela face do homem e, ele começou a falar, meio soluçando:"Nós oramos. Tínhamos muitas contas para pagar este mês e o nosso dinheiro havia acabado. Não tínhamos mais leite para o nosso bebê. Apenas orei e pedi a Deus que me mostrasse uma maneira
de conseguir leite".Sua esposa gritou lá da cozinha:
"Pedi a Deus para mandar um anjo com um pouco...

Você é um anjo?"

O jovem pegou a sua carteira e tirou todo dinheiro que havia nela e colocou-o na mão do homem.Ele voltou-se e foi para o carro,enquanto as lágrimas corriam pela sua face.Ele experimentou que Deus ainda
responde os pedidos.

Três Conselhos





Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e
vivia de favores num sítio do interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta a esposa:
- Querida eu vou sair de casa, vou viajar para bem
longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições
para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável.

Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma
coisa, que você me espere e, enquanto estiver fora,
seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.
Assim sendo o jovem saiu.

Andou muitos dias a pé, até que encontrou um
fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda.
O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar,
no que foi aceito.

Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também
foi aceito.
O pacto seria o seguinte:
- Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando
eu achar que devo ir, o Senhor me dispensa das minhas obrigações.
- Eu não quero receber o meu salário. Peço que o Senhor
o coloque na poupança, até o dia em que eu for embora.
- No dia em que eu sair o Senhor me dá o dinheiro e eu
sigo o meu caminho.

Tudo combinado.
Aquele jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e
sem descanso. Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse:
- Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando
para a minha casa.

O patrão então lhe respondeu:

- Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo,
só que antes, quero lhe fazer uma proposta, tudo bem?
- Eu lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora ou
eu lhe dou três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai embora.

Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos e
se eu lhe der os conselhos eu não lhe dou o dinheiro.
- Vá para o seu quarto, pense e depois me de a resposta.
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e
disse-lhe:

- Quero os três conselhos.
O patrão novamente frisou:
- Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
- Quero os conselhos.
O patrão então lhe falou:

01) Nunca tome atalhos em sua vida, caminhos mais
curtos e desconhecidos podem custar a sua vida;

02) Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a
curiosidade para o mal pode ser mortal;

03) Nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor,
pois você pode se arrepender e ser tarde demais.

Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já
não era tão jovem assim:

- Aqui você tem três pães, dois para você comer durante
a viagem e o terceiro é para comer com sua
esposa quando chegar a sua casa.

O homem então, seguiu seu caminho de volta, depois de
vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava.
Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho
que o cumprimentou e lhe perguntou:

- Pra onde você vai?
Ele respondeu:
- Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias
de caminhada por esta estrada.

O andarilho disse-lhe então:
- Rapaz, este caminho é muito longo, eu
conheço um atalho que "é dez"
e você chega em poucos dias.

O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando
lembrou-se do primeiro conselho, então voltou e seguiu
o caminho normal.

Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma
pensão à beira da estrada, onde pôde hospedar-se.

Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir.
De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor.

Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir
até o local do grito. Quando estava abrindo a porta,
lembrou-se do segundo conselho.
Voltou, deitou-se e dormiu.

Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem
lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito
e ele disse que tinha ouvido.
O hospedeiro disse:

E você não ficou curioso? Ele disse que não.
No que o hospedeiro respondeu:
- Você é o primeiro hóspede a sair vivo daqui, pois meu
filho tem crises de loucura; grita durante a
noite e quando o hospede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por
chegar a sua casa.

Depois de muitos dias e noites de caminhada... Já ao
entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua
casinha, andou e logo viu entre os arbustos a
silhueta de sua esposa.

Estava anoitecendo , mas ele pôde ver que ela não estava só.
Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre as
pernas, um homem a quem estava acariciando os cabelos.
Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e
amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a
matá-los sem piedade.

Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se
do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela
noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão.
Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse:

- Não vou matar minha esposa e nem o seu amante.
Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta.
Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre fui fiel a ela.

Dirigiu-se à porta da casa e bateu.
Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira ao
seu pescoço e o abraça afetuosamente.
Ele tenta afastá-la, mas não consegue.
Então com lágrimas nos olhos, lhe diz:
- Eu fui fiel a você e você me traiu. . .
Ela espantada lhe responde:

- Como? Eu nunca te trai, esperei durante esses vinte anos.
Ele então lhe perguntou:
- E aquele homem que você estava acariciando ontem ao
entardecer?
E ela lhe disse:
- Aquele homem é nosso filho.

- Quando você foi embora, descobri que estava grávida.
Hoje ele está com vinte anos de idade.
Então o marido entrou, conheceu, abraçou seu filho e contou-lhes
toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café.
Sentaram-se para tomá-lo e comer juntos o último pão.

Após a oração de agradecimento, com lágrimas de emoção,
ele parte o pão e ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro,
o pagamento por seus vinte anos de dedicação.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O que uma mulher quer?




O jovem Rei Arthur foi surpreendido pelo monarca do reino vizinho, enquanto caçava furtivamente em um bosque. O Rei (vizinho) poderia tê-lo matado no ato, pois tal era o catigo para quem violasse as leis da propriedade.
Contudo se comoveu ante a juventude e a simpatia de Arthur e lhe ofereceu a liberdade, desde que no prazo de um ano trouxesse a resposta a uma pergunta difícil.
A pergunta era:

O que realmente as mulheres querem?
Semelhante pergunta deixaria perplexo até o homem mais sábio, e ao jovem Arthur lhe pareceu impossível de respondê-la.
Contudo aquilo era melhor do que a morte, de modo que regressou ao seu reino e começou a interrogar as pessoas.
A princesa, a rainha, as prostitutas, os monges, os sábios, o palhaço da corte, em suma, todos, e ninguém soube dar uma resposta convincente.
Porém todos o aconselharam a consultar a velha bruxa, porque somente ela saberia a resposta.
O preço seria alto, já que a velha bruxa era famosa em todo o reino pelo exorbitante preço cobrado pelos seus serviços.
Chegou o último dia do acordado e Arthur não teve mais remédio senão recorrer a feiticeira.
Ela aceitou dar-lhe uma resposta satisfatória, com uma condição:
primeiro teria que aceitar o seu preço.
Ela queria casar-se com Gawain, o cavaleiro mais nobre da mesa redonda e o mais intimo amigo do Rei Arthur!
O jovem Arthur a olhou horrorizado:
era feíssima, tinha um só dente, desprendia um fedor que causava náuseas até a um cachorro, fazia ruídos obscenos,...nunca havia topado com uma criatura tão repugnante.
Se acovardou diante da perspectiva de pedir a um amigo de toda a sua vida para assumir essa carga terrível.
Não obstante, ao inteirar-se do pacto proposto, Gawain afirmou que não era um sacrifício excessivo em troca da vida de seu melhor amigo.
A bruxa, de sabedoria infernal, disse:
"O que realmente as mulheres querem é:
serem soberanas de suas própriasvidas!"
Todos souberam no mesmo instante que a feiticeira havia dito uma grande verdade e que o jovem Rei Arthur estaria salvo.
Assim foi.
Ao ouvir a resposta, o monarca vizinho lhe devolveu a liberdade.
Porém, que bodas tristes foram aquelas ... toda a corte assistiu e ninguém se sentiu mais desgarrado, entre o alívio e a angústia, do que o próprio Arthur.
Gawain, entretanto, se mostrou cortês, gentil e respeitoso.
A velha bruxa usou de seus piores hábitos, comeu sem usar talheres, emitiu ruídos e um mau cheiro espantoso.
Chegou a noite de núpcias.
Quando Gawain, já reparado para ir para a cama aguardava sua esposa, ... ela apareceu como a mais linda e charmosa mulher que um homem poderia imaginar!
.. Gawain ficou estupefato e lhe perguntou o que havia acontecido.
A jovem lhe respondeu com um sorriso doce, que como havia sido cortês com ela, a metade do tempo se apresentaria com aspecto horrível e a outra metade com aspecto de uma linda donzela.
Então ela lhe perguntou:
Qual ele preferiria para o dia e qual para a noite?
Que pergunta cruel ...
Gawain se apressou em fazer cálculos...
Poderia ter uma jovem adorável durante o dia para exibir a seus amigos e a noite na privacidade de seu quarto uma bruxa espantosa ou, quem sabe, ter de dia uma bruxa e uma jovem linda nos momentos íntimos de sua vida conjugal.
Vocês o que teriam preferido?
... o que teriam escolhido?
A escolha que fez Gawain está mais abaixo, porém, antes tome sua decisão.

É MUITO IMPORTANTE QUE SEJAM SINCEROS COM VOCÊS MESMOS.
? ? ? ? ?
????
O nobre Gawain respondeu que a deixaria escolher por si mesma.
Ao ouvir a resposta ela anunciou que seria uma linda jovem de dia e de noite, porque ele a havia respeitado e permitido ser dona de sua vida.

... Moral da história: * * * Não importa se a mulher é bonita ou feia,
no fundo, é sempre uma bruxa...

EU NÃO TINHA TEMPO...


Hoje, ao atender o telefone, que insistentemente exigia atenção, o meu mundo desabou.
Entre soluços e lamentos, a voz do outro lado da linha me informava que o meu melhor amigo, meu companheiro de jornada, meu ombro camarada, havia sofrido um grave acidente, vindo a falecer quase que instantaneamente.Lembro de ter desligado o telefone e caminhado a passos lentos para meu quarto, meu refúgio particular.As imagens de minha juventude vieram quase que instantaneamente à mente.

A faculdade, as bebedeiras, as conversas até altas horas da noite, as confidências ao pé-do-ouvido, as colas, a cumplicidade, os sorrisos... As risadas... eram fáceis de surgir naquela época.Lembrei da formatura, de um novo horizonte surgindo...Das lágrimas de despedidas, e principalmente, das promessas de novos encontros.Lembro a promessa de que eu nunca seria esquecido.E realmente, nunca fui.

Perdi a conta das vezes em que ele carinhosamente me ligava, ou das mensagens - que nunca respondia - que ele constantemente me enviava, enchendo minha caixa postal de mensagens e de esperanças.

Apesar do esforço para vasculhar minha mente, não consegui me lembrar de uma só vez em que peguei o telefone para ligar e dizer a ele o quanto era importante para mim contar com a sua amizade.

Afinal, eu era uma pessoa muito ocupada. Eu não tinha tempo...

Não lembro de uma só vez em que me preocupei de procurar um texto edificante e enviar para ele, ou qualquer outro amigo, com o intuito de tornar o seu dia melhor.

Eu não tinha tempo...

Não lembro de ter feito qualquer tipo de surpresa, como aparecer de repente com uma garrafa de vinho e um coração aberto disposto a ouvir.

Eu não tinha tempo...

Não lembro de qualquer dia em que eu estivesse disposto a ouvir os seus problemas.

Eu não tinha tempo...

Acho que eu nunca sequer imaginei que ele tinha problemas.Só agora vejo com clareza o meu egoísmo.Talvez - e este talvez vai me acompanhar eternamente - se eu tivesse prestado um pouco de atenção e despendido um pouquinho do meu sagrado tempo.Talvez ele, que sempre inundou o meu mundo com sua iluminada presença, estivesse se sentindo sozinho.

Até mesmo as mensagens engraçadas que ele constantemente mandava poderiam ser seu jeito de pedir ajuda.Estas indagações que inundam agora o meu ser nunca mais terão resposta.

A minha falta de tempo me impediu de respondê-las.

Agora, lentamente escolho uma roupa preta - digna do meu estado de espírito e pego o telefone. Aviso o meu chefe de que não irei trabalhar hoje e quem sabe nem amanhã, nem depois...

Pois irei tirar o dia para homenagear com meu pranto a uma das pessoas que mais amei nesta vida.

Ao desligar o telefone, com surpresa eu vejo, entre lágrimas e remorsos, de que para isto, para acompanhar durante um dia inteiro o seu corpo sem vida, eu TIVE TEMPO!
Descobri que se você não toma as rédeas de sua vida o tempo te engole e te escraviza.Trabalho com o mesmo afinco de sempre, mas somente sou "o profissional" durante o expediente normal.Fora dele, sou um ser humano. Nunca mais minhas mensagens recebidas ficaram sem pelo menos um "oi" de retorno.

Procuro constantemente encher a caixa eletrônica dos meus amigos com mensagens de amizade, humor e dias melhores.Escrevo cartões de aniversário e de natal, sempre lembro as pessoas de como elas são importantes para mim.

Abraço constantemente meus irmãos e minha família, pois os laços que nos unem são eternos.Esses momentos costumam desaparecer com o tempo, e todo o cuidado é pouco.Distribuo sorrisos e abraços a todos que me rodeiam - afinal, para que guardá-los?


Aprendendo a viver...



Aprendi que se aprende errando...
Que
crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela.
Que, quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada.
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se entregar por inteiro...
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas...
Que se pode confessar com a Lua...
Que se pode viajar além do infinito...
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso...
Que se deve ser criança a vida toda...
Que nosso ser é livre...
Que Deus não proíbe nada em nome do amor...
Que o julgamento alheio não é importante.
Que o que realmente importa é a Paz interior.
E finalmente, aprendi que não se pode morrer,
pra se aprender a viver...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um Velho Pedreiro...



Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar. Ele informou o chefe, do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com a sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar. A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor. O pedreiro não gostou mas acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Foi uma maneira negativa dele terminar a carreira. Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída. Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse: "Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você". O pedreiro ficou muito surpreendido. Que pena! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente....

O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós construímos.

Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente. Mas não podemos voltar atrás. Tu és o pedreiro. Todo dia martelas pregos, ajustas tábuas e constróis paredes.

Alguém já disse que: "A vida é um projeto que você mesmo constrói". Tuas atitudes e escolhas de hoje estão construindo a "casa" em que vai morar amanhã. Portanto a construa com sabedoria!

E lembre-se: Trabalhe como se não precisasse do dinheiro. Ame como se nunca tivessem lhe magoado antes. Dance como se ninguém estivesse olhando. E passe esta mensagem para alguém que consideras de verdade.


Para quem é pai/mãe e para aqueles que o serão... Texto de Affonso Romano de Sant'Anna



Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.
É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.

Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil.
E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos,soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros.Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas,das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.
Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.
Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas.
Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.
Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos.

Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".
Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade.
E que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.
O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.
Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

Aprendemos a ser filhos depois que somos pais.
Só aprendemos a ser pais depois que somos avós..."


Volte Sempre

A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.

Albert Einstein