quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Encontrar Deus



Um dia, há muitos anos atrás, eu estava de pé na porta da sala, esperando meus alunos entrarem
para nosso primeiro dia de aula do semestre. Foi aí que vi Tom, pela primeira vez. Não consegui
evitar que meus olhos piscassem de espanto. Ele estava penteando seus cabelos longos e muito
loiros que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros. Eu nunca vira um rapaz com cabelos
tão longos. Acho que a moda estava apenas começando nessa época. Mesmo sabendo que o que
importa não é o que está fora, mas o que vai dentro da cabeça, naquele dia eu fiquei um pouco
chocado. Imediatamente classifiquei Tom com um "E" de estranho... Muito estranho!
Tommy acabou se revelando o "ateísta de plantão" do meu curso de Teologia da Fé.
Constantemente, fazia objeções ou questionava sobre a possibilidade de existir um Deus-Pai que
nos amasse incondicionalmente.
Convivemos em relativa paz durante o semestre, embora eu tenha que admitir que às vezes ele era
bastante incomodo. No fim do curso, ele se aproximou e me perguntou, num tom ligeiramente
irônico:
- O senhor acredita mesmo que eu possa encontrar Deus algum dia?
Resolvi usar uma terapia de choque:
- Não, eu não acredito, respondi.
- Ah! Ele respondeu. Pensei que era este o produto que o senhor esteve tentando nos vender nos
últimos meses.
Eu deixei que ele se afastasse um pouco e falei bem alto:
- Eu não acredito que você consiga encontrar  Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o
encontrará um dia. Ele deu de ombros e foi embora da minha sala e da minha vida.
Algum tempo depois soube que Tommy tinha se formado e, em seguida, recebi uma notícia triste:
ele estava com um câncer terminal. E antes que eu resolvesse se ia a sua procura, ele veio me ver.
Quando entrou na minha sala, percebi que seu físico tinha sido devastado pela doença e que os
cabelos longos não existiam mais, devido a quimioterapia. Entretanto, seus olhos estavam
brilhantes e sua voz era firme, bem diferente daquele garoto que conheci.
- Tommy, tenho pensado em você. Ouvi dizer que está doente, falei.
- É verdade, estou muito doente. Tenho câncer nos dois pulmões. É uma questão de semanas, agora.
- Você consegue conversar bem a esse respeito?
- Claro, o que o senhor gostaria de saber?
- Como é ter apenas vinte e quatro anos e saber que está morrendo? Conto – Encontrar Deus                                              
- Acho que poderia ser pior.
- Como assim?
- Bem, eu poderia ter cinqüenta anos e não ter noção de valores ou ideais, ou ter sessenta anos e
pensar que bebida, mulheres e dinheiro são as coisas mais "importantes" da vida.
Lembrei-me da classificação que atribuí a ele:  "E" de "estranho" (parece que as pessoas que
recebem classificações desse tipo, são enviadas de  volta por Deus para que eu possa repensar o
assunto).
- Mas a razão pela qual eu realmente vim vê-lo, disse Tom, foi a frase que o senhor me disse no
último dia de aula. (Ele se lembrava!)
Tom continuou:
- Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria Deus algum dia e o senhor respondeu
'Não', o que me surpreendeu. Em seguida, o senhor disse, "mas Ele o encontrará". Eu pensei um
bocado a respeito daquela frase, embora na época não estivesse muito interessado no assunto. Mas
quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e me disseram que se tratava de um
tumor maligno, comecei a pensar com mais seriedade sobre a idéia de procurar Deus. E quando a
doença se espalhou por outros órgãos, eu comecei realmente a dar murros desesperados nas portas
de bronze do paraíso. Mas Deus não apareceu. De fato, nada aconteceu. O senhor já tentou fazer
alguma coisa por um longo período, sem sucesso? A gente fica cansado, desanimado. Um dia, ao
invés de continuar atirando apelos por cima do muro alto atrás de onde Deus poderia estar... ou
não... eu desisti, simplesmente. Decidi que de fato não estava me importando... com Deus, com uma
possível vida eterna ou qualquer coisa parecida. E decidi utilizar o tempo que me restava fazendo
alguma coisa mais proveitosa. Pensei no senhor e nas suas aulas e me lembrei de uma coisa que o
senhor havia dito noutra ocasião: "A tristeza mais profunda, sem remédio, é passar pela vida sem
amar”. Mas é quase tão triste passar pela vida e deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas
queridas o quanto você as amou. Então resolvi começar pela pessoa mais difícil: meu pai. Ele
estava lendo o jornal quando me aproximei dele: "Papai...", eu disse.
- Sim, o que é? ele perguntou, sem baixar o jornal.
- Papai, eu gostaria de conversar com você.
- Então fale.
- É um assunto muito importante!
O jornal desceu alguns centímetros, vagarosamente.
- O que é?
- Papai, eu o amo muito. Só queria que você soubesse disso.
O jornal escorregou para o chão e meu pai fez duas coisas que eu jamais havia visto: ele chorou e
me abraçou com força. E conversamos durante toda a noite, embora ele tivesse que ir trabalhar na
manhã seguinte. Foi tão bom poder me sentar junto do meu pai, conversar, ver suas lágrimas, sentir
seu abraço, ouvi-lo dizer que também me amava! Foi uma emoção indescritível! Conto – Encontrar Deus                                              
Foi mais fácil com minha mãe e com meu irmão mais novo. Eles choraram também e nos
abraçamos e falamos coisas realmente boas uns para os outros. Falamos sobre as coisas que
tínhamos mantido em segredo por tantos anos, e que era tão bom partilhar. Só lamentei uma coisa:
que eu tivesse desperdiçado tanto tempo, me privando de momentos tão especiais.
Naquela hora eu estava apenas começando a me abrir com as pessoas que amava.
Então, um dia, eu olhei, e lá estava ELE. Ele não veio ao meu encontro quando lhe implorei.
Acredito que estava agindo como um domador de animais que, segurando um chicote, diz: "Vamos,
pule! Eu lhe dou três dias... três semanas..." Parece que Deus não se deixa impressionar. Ele age a
Seu modo e a Seu tempo. Mas o que importa e que Ele estava lá. Ele me encontrou... O senhor
estava certo. Ele me encontrou mesmo depois de eu ter desistido de procurar por Ele.
- Tommy, eu disse bastante comovido. O que você está dizendo é muito mais importante e muito
mais universal do que você pode imaginar. Para mim, pelo menos, você está dizendo que a maneira
certa de encontrar Deus, não é fazendo Dele  um bem pessoal, uma solução para os nossos
problemas ou um consolo em tempos difíceis, mas sim se tornando disponível para o verdadeiro
Amor. O apóstolo José disse isto: "Deus é Amor e aquele que vive no Amor, vive com Deus e Deus
vive com ele".
- Tom, posso pedir-lhe um favor? Você sabe que me deu bastante trabalho quando foi meu aluno.
Mas (aos risos) agora você pode me compensar por aquilo. Você viria à minha aula de Teologia da
Fé e contaria aos meus alunos o que você acabou de me contar? Se eu lhes contasse não seria a
mesma coisa, não tocaria tão fundo neles!
- Oh! Eu me preparei para vir vê-lo, mas não sei se estou preparado para enfrentar seus alunos.
- Então, pense nisto. Se você se sentir preparado, telefone para mim.
Alguns dias mais tarde, Tom telefonou e disse que falaria com a minha turma. Ele queria fazer
aquilo por Deus e por mim. Então marcamos uma data.
Mas, o dia chegou... e ele não pode ir. Ele tinha outro encontro, muito mais importante do que
aquele. Ele se foi... Tom havia dado o grande passo para a verdadeira realidade. Ele foi ao encontro
de uma nova vida e de novos desafios. Antes de ele morrer, ainda conversamos uma vez.
- Não vou ter condições de falar com sua turma, ele disse.
- Eu sei, Tom.
- O senhor falaria com eles por mim? O senhor falaria... com todo mundo por mim?
- Vou falar Tom. Vou falar com todo mundo. Vou fazer o melhor que puder.
Portanto, a todos vocês que foram pacientes, lendo esta declaração de amor tão sincero, obrigado
por fazê-lo.
E a você Tommy, onde quer que esteja, aí está: eu falei com todo mundo... do melhor modo que
consegui. E espero que as pessoas que tiveram  conhecimento desta história, possam contá-la aos
seus amigos, para que mais gente possa conhecê-la

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

INOCENTE OU CULPADO?



     Conta uma lenda que, na Idade Média, um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor do crime era uma pessoa influente no reino e, por isso, desde o primeiro momento, se procurou um bode expiatório para acobertar o verdadeiro assassino.
     O homem injustamente acusado de ter cometido o assassinato foi levado a julgamento. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo das falsas acusações. A forca o esperava!
     O juiz, que também estava conluiado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado para que provasse sua inocência.
    Disse o desonesto juiz: — Como o senhor, sou um homem profundamente religioso. Por isso, vou deixar sua sorte nas mãos de deus. Vou escrever em um papel a palavraINOCENTE e em outro a palavra CULPADO. Você deverá pegar apenas um dos papéis. Aquele que você escolher será o seu veredicto.
     Sem que o acusado percebesse, o inescrupuloso juiz escreveu nos dois papéis a palavraCULPADO, fazendo, assim, com que não houvesse alternativa para o homem. O juiz, então, colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um. O homem, pressentindo o embuste, fingiu se concentrar por alguns segundos a fim de fazer a escolha certa. Aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu. Os presentes reagiram surpresos e indignados com tal atitude.
     O homem, mais uma vez demonstrando confiança, disse: — Agora basta olhar o papel que se encontra sobre a mesa e saberemos que engoli aquele em que estava escrito o contrário.

O SÁBIO SAMURAI



   

Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
       Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

      Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se.
       Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós? 
      Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai.

      A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos.

      O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre.
 — Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a serenidade, só se você permitir!

Volte Sempre

A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.

Albert Einstein