Ouvir e contar histórias: Desenvolve a imaginação Resgata a cultura oral e incentiva a escrita Proporciona momentos mágicos...
segunda-feira, 1 de março de 2010
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Lenda das lágrimas
Contam as lendas que, quando o Criador concluiu a sua obra, dividiu-a em departamentos e os confiou aos cuidados dos Anjos. Após algum tempo, o Todo Poderoso resolveu fazer uma avaliação da sua criação e convocou os servidores para uma reunião. O primeiro a falar foi o Anjo das luzes.
Postou-se respeitosamente diante do Criador e lhe falou com entusiasmo: "Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da sua misericórdia.
O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia. Deus abençoou o Anjo das luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.
Depois foi a vez do Anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria:
"Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas; todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que parecem constituir o sangue bendito da sua obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as suas glórias.
O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.
Em seguida, falou radiante, o Anjo das árvores e das flores.
"Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.
Logo após falou o Anjo dos animais, apresentando a Deus seu relato sincero.
Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as suas leis e acatar a sua vontade. Todos têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a sabedoria do seu Criador.
Deus, jubiloso, abençoou seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.
Foi quando, então, chegou a vez do Anjo dos homens. Angustiado e cabisbaixo, provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza:
"Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...
Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de infelicidade. Inventaram a chamada propriedade sobre os bens que Lhe pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e a ambição pelo domínio e pela posse. Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.
Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas lágrimas, falou docemente:
Essa situação será remediada. Alçou as mãos generosas e fez nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas, entregou-o ao servidor, dizendo:
Volta à Terra e derrama no coração de meus filhos este líquido celeste a que chamarás água das lágrimas...
Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens me recordem, lembrando-se da minha misericórdia paternal. Se eles sofrem e se desesperam pela posse passageira das coisas da Terra, é porque me esqueceram, esquecendo sua origem divina.
... E desde esse dia o Anjo dos homens derrama na alma atormentada e aflita da humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.
A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual
O Mulherão
Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate.
Mulherões, dentro desse conceito, não existem muitas: Vera Fischer, Malu Mader, Letícia Spiller, Adriane Galisteu, Lumas e Brunas.
Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina.
Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar, e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.
Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.
Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.
Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.
Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos na natação, busca os filhos na natação, leva os filhos para cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz.
Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, é quem de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite.
Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava a roupa para fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.
Mulherão é quem cria os filhos sozinha, quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para azia.
Lumas, Brunas, Carlas, Luanas e Sheilas: mulheres nota 10 no quesito lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia.
Martha Medeiros (Jornal Zero Hora / RS)
Volte Sempre
A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.
Albert Einstein