domingo, 27 de novembro de 2011

A caixinha



Há um tempo atrás, um homem castigou sua filhinha de 3 anos por desperdiçar um rolo de papel de presente dourado. O dinheiro andava escasso naqueles dias, razão pela qual o homem ficou furioso ao ver a menina envolvendo uma caixinha com aquele papel dourado e colocá-la debaixo da árvore de Natal.
Apesar de tudo, na manhã seguinte, a menininha levou o presente ao seu pai e disse:
- Isto é para você, paizinho!
Ele sentiu-se envergonhado da sua furiosa reação, mas voltou a "explodir" quando viu que a caixa estava vazia. Gritou, dizendo:
- Você não sabe que quando se dá um presente a alguém, a gente coloca alguma coisa dentro da caixa?
A pequena menina olhou para cima, com lágrimas nos olhos, e disse:
- Oh, Paizinho, não está vazia. Eu soprei beijos dentro da caixinha. Todos para você...
O pai quase morreu de vergonha, abraçou a menina e suplicou que ela o perdoasse. Dizem que o homem guardou a caixa dourada ao lado de sua cama por anos e sempre que se sentia triste, chateado, deprimido, ele tomava da caixa um beijo imaginário e recordava o amor que sua filha havia posto ali...
De uma forma simples, mas sensível, cada um de nós humanos temos recebido uma caixinha dourada, cheia de amor incondicional e beijos de nossos pais, filhos, irmãos e amigos...
Ninguém poderá ter uma propriedade ou posse mais bonita e importante que esta.

A CADERNETA VERMELHA



O carteiro estendeu o telegrama.José Roberto não
agradeceu e enquanto abria
o envelope, uma profunda ruga sulcou-lhe a testa.
Uma expressão mais de
surpresa do que de dor tomou-lhe conta do rosto.
Palavras breves e incisas:
- Seu pai faleceu. Enterro 18horas. Mamãe;
Jose Roberto continuou parado, olhando para o vazio.
Nenhuma lágrima lhe
veio aos olhos, nenhum aperto no coração.
Nada!Era como se houvesse morrido um estranho.
Por que nada
sentia pela morte do
velho?
Com um turbilhão de pensamentos confundido-o,
avisou a esposa, tomou
o ônibus e se foi, vencendo os silenciosos quilômetros
de estrada enquanto a
cabeça girava a mil.
No íntimo, não queria ir ao funeral e, se estava indo era apenas para que a
mãe não ficasse mais amargurada.
Ela sabia que pai e
filho não se davam bem. A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva
de acusações, José Roberto havia feito
as malas e partido
prometendo nunca mais
botar os pés naquela casa.
Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo
Natal, Ano Novo ou
Páscoa...
Ele havia se desligado da família não pensava no pai e a última
coisa na vida que desejava na vida
era ser parecido com
ele.
O velório:
poucas pessoas.
A mãe está lá, pálida, gelada, chorosa.
Quando reviu o filho, as lágrimas
correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio.
Depois, ele viu o corpo sereno
envolto por um lençol de rosas vermelho,
como as que o pai gostava
de cultivar.
José Roberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia.
Era como estar diante de um desconhecido um estranho, um...
O funeral: o sabiá cantando, o sol se pondo.
Ele ficou
em casa com a mãe até
a noite, beijou-a e prometeu que voltaria trazendo netos e esposa para
conhecê-la.
Agora, ele poderia voltar à casa, porque
aquele que não o amava,
não estava mais lá para dar-lhe
conselhos ácidos nem para
criticá-lo.
Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão
Há mais tempo você poderia ter recebido isto - disse.
Mas, infelizmente só
depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes...
Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar a viagem, meteu a não
no bolso e sentiu o presente.
O foco mortiço da luz do
bagageiro, revelou
uma pequena caderneta de capa
vermelha.
Abriu-a curioso. Páginas amareladas.
Na primeira, no alto, reconheceu a
caligrafia firme do
pai:
"Nasceu hoje o José Roberto.
Quase quatro quilos!
O meu primeiro filho,
um garotão!
Estou orgulhoso de ser o pai daquele
que será a minha
continuação na Terra!".
À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estomago, mistura de dor e perplexidade,
pois as imagens do passado ressurgiram firmes e
atrevidas como se acabassem de acontecer!
"Hoje, meu filho foi para escola.
Está um homenzinho!
Quando eu vi ele de uniforme, fiquei
emocionado e desejei-lhe um futuro
cheio de sabedoria.
A vida dele será diferente da minha,
que não pude estudar
por ter sido
obrigado a ajudar meu pai.
Mas para meu filho desejo o melhor.
Não permitirei que a vida o castigue".
Outra página
"Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele
merece porque é estudioso e esforçado.
Fiz um empréstimo que espero pagar
com horas extras".
José Roberto mordeu os lábios.
Lembrava-se da sua intolerância,
das brigas feitas para ganhar a
sonhada bicicleta.
Se todos os
amigos ricos tinham uma,
por que ele também não poderia
ter a sua?
"É duro para um pai castigar um filho
e bem sei que ele poderá me odiar
por isso;
entretanto, devo educá-lo para
seu próprio bem."
"Foi assim que aprendi a ser um
homem honrado e esse é
o único modo que sei
de ensiná-lo".
José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma
bebedeira, tinha ido para a cadeia e naquela noite, se o pai não tivesse
aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos...
Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de
sangue que tinha
batido contra uma árvore...
Parecia ouvir sinos, o choro da
cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o
cemitério.
As páginas se sucediam com ora curtas, ora longas anotações,
cheias das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura,
o pai o havia amado.
O "velho" escrevia de madrugada.
Momento da solidão, num grito de silêncio, porque era desse jeito que ele era,
ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir suas dores,
o mundo esperava que fosse durão
para que não o julgassem nem
fraco e nem covarde.
E, no entanto, agora José Roberto estava tendo a prova que, debaixo daquela
fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.
A última página.
Aquela do dia em que ele havia
partido:
- "Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto?
Por que sou considerado culpado,
se nada fiz, senão tentar
transformá-lo em um homem de
bem?"
"Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre.
Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser
o pai que ele merecia ter."
Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o
pai tinha morrido naquele momento,
José Roberto fechou
depressa a caderneta,
o peito doía.
O coração parecia haver crescido tanto,
que lutava para escapar pela boca.
Nem viu o ônibus entrar na
rodoviária, levantou aflito e
saiu quase correndo porque precisava
de ar puro para respirar
A aurora rompia no céu e mais um dia começava.
"Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranqüilos!" - certa
vez ele tinha ouvido essa frase e jamais havia refletido o na profundidade
que ela continha.
Em sua egocêntrica cegueira de
adolescente, jamais havia
parado para pensar em verdades mais profundas.
Para ele, os pais eram descartáveis e sem valor como as embalagens que são
atiradas ao lixo.
Afinal, naqueles dias de pouca reflexão
tudo era juventude, saúde, beleza,
musica, cor, alegria,
despreocupação, vaidade.
Não era ele um semideus?
Agora, porém, o tempo o havia envelhecido, fatigado e também tornado pai aquele falso herói.
De repente.
No jogo da vida, ele era
o pai e seus atuais contestadores.
Como não havia
pensado nisso antes?
Certamente por não ter tempo, pois andava muito ocupado
com os negócios,
a luta pela sobrevivência, a sede
de passar fins de
semana longe da cidade
grande, a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar
dialogar com os
filhos.
Ele jamais tivera a idéia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha
para anotar uma frase sobre
seus herdeiros, jamais lhe
havia passado pela cabeça escrever
que tinha orgulho daqueles
que continuam o seu nome.
Justamente ele, que se considerava o mais completo pai da Terra?
Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de
humildade.
Quis gritar, erguer procurando agarrar o
velho para sacudi-lo e
abraçá-lo, encontrou apenas
o vazio.
Havia uma raquítica rosa vermelha num galho no jardim de uma casa, o sol
acabava de nascer.
Então, José Roberto acariciou as
pétalas e lembrou-se da
mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor.
Por que nunca tinha
percebido tudo aquilo antes?
Uma lágrima brotou como o orvalho, e erguendo os olhos
para o céu dourado,
de repente, sorriu e desabafou-se
numa confissão aliviadora:
"Se Deus me mandasse escolher,
eu juro que não queria ter tido
outro pai que não fosse
você velho!
Obrigado por tanto amor, e me perdoe por
haver sido tão cego."

A ARTE DE VIVER JUNTO



Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:
- Nos nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!
Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão.
No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves.
O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.
E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.
-Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.
Então o velho disse:
-Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro.
Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.
Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas
Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizades e profissionais. Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas.
A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar.

sábado, 9 de julho de 2011

Os famosos



Um famoso palestrante começou um seminário numa sala com 200 pessoas,segurando uma nota de R$100,00. Ele perguntou:
“-Quem de vocês quer esta nota de R$ 100,00?”
Todos ergueram a mão... Então ele disse:
"-Darei esta nota a um de vocês esta noite, mas, primeiro,deixem-me fazer isto..."
Então,ele amassou totalmente a nota. E perguntou outra vez:
"-Quem ainda quer esta nota?"
As mãos, continuavam erguidas... E continuou:
"-E se eu fizer isso..."
Deixou a nota cair ao chão, começou a pisá-la e esfregá-la. Depois, pegou a nota, agora já imunda e amassada e perguntou:
"-E agora?... Quem ainda vai querer esta nota de R$ 100,00?”
Todas as mãos voltaram a se erguer.
O palestrante voltou-se para a platéia e disse que lhes explicaria o seguinte:
"-Não importa o que eu faça com o dinheiro, vocês continuaram a querer esta nota, porque ela não perde o valor. Esta situação também acontece conosco... Muitas vezes, em nossas vidas, somos amassados, pisoteados e ficamos nos sentindo sem importância. Mas, não importa, jamais perderemos o nosso valor. Sujos ou limpos, amassados ou inteiros, magros ou gordos, altos ou baixos, nada disso importa ! Nada disso altera a importância que temos! O preço de nossas vidas, não é pelo que aparentamos ser, mas, pelo que fizemos e sabemos!”
Agora, reflita bem e procure em sua memória:

1 - Nomeie as 5 pessoas mais ricas do mundo.
2 - Nomeie as 5 últimas vencedoras do concurso Miss Universo.
3 - Nomeie 10 vencedores do prêmio Nobel.
4 - Nomeie os 5 últimos vencedores do prêmio Oscar, como melhores atores ou atrizes.
Como Vai? Mal, né?... Difícil de lembrar???... Não se preocupe. Ninguém de nós se lembra dos melhores de ontem. Os aplausos vão-se embora! Os troféus ficam cheios de pó! Os vencedores são esquecidos!
Agora,faça o seguinte :
1 - Nomeie 3 professores que te ajudaram na tua verdadeira formação.
2 - Nomeie 3 amigos que já te ajudaram nos momentos difíceis.
3 - Pense em algumas pessoas que te fizeram sentir alguém especial.
4 - Nomeie 3 pessoas com quem transcorres o teu tempo.
Como vai? Melhor, não é verdade?
As pessoas que marcam a nossa vida não são as que têm as melhores credenciais,com mais dinheiro, ou os melhores prêmios...
São aquelas que se preocupam conosco, que cuidam de nós, aquelas que, de algum modo, estão ao nosso lado.  
Reflita um momento... A vida é muito curta

Deixe a raiva secar...



Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.
No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.
Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.
Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?
Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você lembra o que a vovó falou?
- Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
- Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo.
Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.
Logo depois alguém tocou a campainha.
Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.
Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado. Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa."
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou."
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.
Moral da História:
Nunca tome qualquer atitude com raiva.
A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.
Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta diante de uma situação difícil.
Lembre-se sempre:
Deixe a raiva secar!

A LISTA Oswaldo Montenegro



 
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Quando desejei me divorciar...


                                                                             
Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.
De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.
Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente  perguntou em voz baixa: "Por quê?"
Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim  a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa. 


Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora. 

No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.


Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possivel. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para prepar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais. 

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis. 

Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a idéia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio", disse  Jane em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo "O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio" Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.


No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.

No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.

No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei. 

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias. 

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração..... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. 

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento. 

Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo". 

Eu não consegui dirigir para o trabalho... fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia...Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe Jane. Eu não quero mais me divorciar". 

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe. 

A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar. 

Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi:  "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe". 

Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta. 
Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.

Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

Volte Sempre

A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.

Albert Einstein